28 de junho de 2009

SENTIDO


E jogo
eu nego
meço
o alvo
o preto
miro
Não, não meço na rima
o tamanho do risco que falo
que corro
(que faço?)
Das letras que traço
trago,
troco,
trego, treço
treco
troço
Um trago
(ou mais)
do bom uísque peço
Escondo que finjo
e calo
(cansando no fim;
encantado pranto que
choro
que canto
que calo de canto
embalo
da dança descanso
do nada revogo)
Homem,
não tens mulher
Nas tuas perguntas
me perco,
nos perco
sou parca nas minhas respostas
e nas suas
me encontro
Então...
tento
tanto
erro
chega!
Se quer, terá
vai ver
se quer
nem diz
sequer
mas diz
me diz
o quê?
mais que meu
mais puro
e inebriante amor?
sexo
?
e se só o for
padeço

TROCAS


I
Ela já não bica
o bico da boca
Ele já não limpa
o limo do lado

E ficam ambos
molhados de secura
suados de frieza
Enaltecendo o nada

O troço do troco,
do treco treço
Traco intutilmente
no troço do toco

II
Peço e faço
na ponte do pato
a foice do falo

O nasco inala
e morre
coitada

a vala do velo
do fosso desfaço
da fala desfolo

Do faça desfala
e assim tudo destermina
no começo de nada

Sem dor declama
dezoito dozes
de pura ironia

e amargos gardenais
desfeitos em dez
ou mais

III
O troço do treco
do treço treco
traco novamente
no troço do toco
e faço num trago
a beleza do poço
a mentira do posso
a verdade do nego
não posso
não piso
na poça da fossa

IV
Peço e alo
na ponta do pato
a foice do falo
que inala o nasco
e morre
coitada
na vala do valo
do moço
desfaço
da fala
desfalo
a farsa refaço

V
Assim,
tudo destermina
no começo de nada,
sem dor
declamem as
dezoito e dezenove meias
doses troianos
que em veludosas
vozes
não hão saudades

CURTAS



1: No desalinho de suas emoções descumpriu todas as insensatezes

2: Tinha velhos semblantes a lhe tornar hostis os olhos e arrogantes os guisos. Mas não desfalecia sua já nobre indiferença pois velhos guisos, semblantes de ironia, e uma certa precaução(desmedida) foram as alcabrunhas que lhe restaram.

3: Os dias amarelam nas estantes como livros que ninguém nunca vai ler.

4: Bailava ao som austero e inexistente a dança do silêncio, o bailar da solidão

5: Não há mais revolução. Tudo que há é um mar de esgoto de putas pudicas e pobres revelações de gente parca. E amores. Amores desses feito para amarem-se nunca...e mais, e podres

6: Universidade - um lugar onde o cliente nunca tem razão

7: As coisas erradas sempre me despertaram uma gulosa ternura

LEITO


Perdida no tempo e nas coisas tentei, ainda que frustradamente, construir uma sequência no mínimo razoável de probabilidade para um amor que nunca chegaria a ser semeado. Bem, a verdade é que desde o "obrigado" meramente consolativo - no máximo agradecido - coisas pitorescas passaram a me perscrutrar os pensamentos. Fugir, fingir. Coisas que com um certo orgulho adianto ressaltar um exímio protuberante.

MUDA


E amaram-se diferente de como amam-se os amantes. Ela, e seu alter-ego: aquela doce, singela, e sua indiferença. "Um simpático inválido" - diziam sobre o amor, e "mentiras amáveis" sobre as verdades que vez ou outra agradavam aos seus ouvidos.

CAPAZ


Algo que não esperava de alguém.
Um pedaço do opróbio
do fascinante obscuro
Do vergonhoso

Um fascínio que me torna ansiosa
Uma verdade que não me toma
A força implacável
cheia de conjecturas

Advindas de olhares oblíquos
piores que o de Capitu
Não pensar quando estão inertes
nossos corpos num outro corpo

É uma situação desesperada.
Com muita dificuldade - afinal -
é que formulei respostas
e palavras no mínimo amistosas.

Algo que pertubavelmente
não se sabe explicar
isso, de não conseguir
mas sempre negar
Related Posts with Thumbnails
 

Voltar ao Topo