Era o meu pra sempre, e agora isso. No fundo e na verdade eu sabia, soube o tempo todo. Você nunca iria parar. E o que eu devo fazer com isso? Eu me pegunto, eu te pergunto, mas existe resposta? Preferia aquelas vezes em que o Chapolin Colorado sempre tinha uma solução, mas como é na vida real? Estou tentando aprender, e talvez nunca consiga, ou, será que já sei e me nego ás respostas? Naquele dia você olhou nos meus olhos e me disse: vou parar com isso, você vai ver. Você sabia, eu sabia: não era verdade. E então me sinto como as roupas do varal; de cabeça pra baixo, ao léu, sem proteção contra chuvas, ventos, tempestades e frios inconsoláveis, sem alternativas, simplesmente aceitar: porque mesmo que eu tenha alternativas e sei o que tenho que fazer, não quero (mesmo você parecendo querer), o que me torna exatamente como uma roupa inerte, toda desastrada, desvirada, descolocada e submissa. Lembro do nosso pra sempre com tanta precisão, mas já não penso nele com a mesma certeza: caminho rumo ao amadurecimento ou rumo à separação? Porque você diz com essa verdade absoluta que ficaremos juntos por muitos verões? Se estamos passando por um inverno pelo qual tanta gente diz ser impossível sair? Poderia ter te beijado mais, ter te cheirado mais, ter sido melhor, mas eu tenho culpa? Devo me justificar? A culpa é minha? É sua? Devo aceitar? Eu sei que a resposta para todas essas perguntas é não, mas me faltam complementos. E fico aqui, olhando pela janela: quando foi que mais quis acreditar que nosso amor não era como o céu nublado e ofuscante dos dias como hoje? Vejo árvores, vejo coisas bonitas: nós temos tudo isso também, mas como no meu campo visual, a paisagem continua feia porque o céu não está limpo e como sempre não tenho guarda-chuva; nenhum vício que me acalme, nem mesmo um café, nunca gosto de coisas que viciam (que ironia eu gostar de você). Recordo desses guias para mulheres inteligentes nos quais primas mais velhas e decepcionadas são viciadas, e por isso, não desistem enquanto não lemos: achava uma besteira. Porque algum dia eu agiria como mãe de algum homem? Porque um dia eu acreditaria que ele faria qualquer coisa por mim? E agora, eu. Também penso quando deixei de ser motivo pra você fazer coisas admiráveis, por que? A culpa foi minha: eu nunca deveria ter ido. E então fico frustrada: por que não cheguei antes? por que? por que? por que? São esses porquês intermináveis que me tornam uma estrada molhada, escorregadia, cheia de curvas surpresas e desvios obscuros, e mais do que nunca: errática - justo eu, que acreditei não poder ficar pior.
7 de outubro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)