5 de maio de 2011

ONZE



Olhem para mim.
Me enxerguem
Eu sou o quinto castigo
enviado pelos discretos
pecados não cometidos

E sou eu o oitavo erro
em forma de carne decrépita
mas nenhum coração
preciso nas horas certas

Me vejam.
Não quero odes,
Não preciso das cantigas.
Parem estes sinos
Eu quero paz.

Me instiguem
feito leões procurando sangue
e me larguem como vítima
dos ursos desistentes.

Eu quero uma sinfonia.
Uma sinfonia inteira
de notas inacertadas
Quero uma canção
sem sincronia.

Esta sou eu.
E que não me julguem.
Não renego minha ferocidade
mas suplico:
me sintam.

Me suguem;
mas, por favor

me deixem
com meus restos
Mantenham minha imperfeição.

Quanto aos cantos.
Parem os cantos.
Os discursos.
As sinagogas.

Me vejam.
Não quero odes,
Não preciso das cantigas.
Parem estes sinos
Eu quero paz.

As cartas estão na mesa.
Que não se espere
os números exatos.
Que não aguardem a profecia.

Esta sou eu.
E que não me julguem.
Não renego minha ferocidade
mas suplico:
me sintam.
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