22 de abril de 2009

APELO AO BOM


E o bom do metrô
era esse
ele sempre voltava
sorria sempre.
O boom do metrô
era o bom,
o bom
que instigava,
o bom
que criava,
o bom despertava
as mais frívolas lições de amor.
E o bom não negava:
sabia ser bom,
e o bom esfregava
sua falta de bondade,
a maldade
se esfregava no bom,
E o bom era mal.
E sorria sacana,
e pedia pidão,
e conseguia,
e não usava jargão.
E era só seu,
não queria ser de mais ninguém,
e não era
E amava a praia,
e as coisas vazias
E amava o amor,
todo mundo amava.
Amavam o bom.
E...
Bom,
um dia, chorou
chorou de amor,
do amor que não tinha
Do amor primeiro
e verdadeiro
que sentia
E negaram-lhe
o bom do amor.
E Bom ficou mau,
mal de amor.
E,
Bom, pedia,
Bom implorava,
provava,
de tudo fazia
E o amor lhe negava,
negava-lhe a sorte
de entregar-se de amor.
E Bom só chorava.
E...bom,
se jogou da mais alta janela,
e Bom se cortava,
e foi bom para ele
nem mesmo morrer,
sentir o malvado do amor
corroer-lhe as entranhas.
Foi bom para Bom a paraplegia
e as cicatrizes,
porque Bom aprendeu
que melhor
e mais forte que ele
era um amor não recíproco,
o único que realmente amara.
E quando o amor soube
que Bom já não tinha ninguém,
e que ninguém mais enxergava
o bom de Bom,
procurou-lhe para contar
que agora o amaria,
e Bom ficou bom,
bom de amor.

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