22 de abril de 2009

PARA OS MEUS


Emoldurei os lençóis sobre tuas nuances carnais - levemente doces- e acolhi aquela sensação delicadamente selvagem, mas fascinantemente triste de não pertencer. Como são poéticas as dores (e ingênuas nossas maldades). A vulgaridade elimina tudo que é especial: a felicidade, o amor, Os sentimentos num geral. Se amas, Ames baixinho; diria o poeta. Não é apenas a rude vergonha de admitir mas uma necessidade agressiva de preservar, cuidar. Tão bem cuidado, que apenas os selvagens saberão. (...) Ao mesmo tempo que revelo entre gestos, palavras, sorrisos, minha alegria; escondo minhas infelicidades e incertezas abaixo dos deuses. São essas pequenas coisas - que não exponho com desrespeito - que me vestem. Se sorrio, se tenho muitos amigos,
não é de imensa felicidade; mas nenhuma dor é digna de destaque: tudo pode ficar claro e trágico demais. A dor mais pura, é aquela que se quer esconder, mas que se revela num estouro de saturações. Numa explosão daquilo tudo que por muito tempo fora guardado e que já não podia mais suportar-se. Como os amores, que por serem tão puros e especiais merecem ser guardados tal como uma espada de Rei Artur.

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