23 de agosto de 2010

AVENIDA

(onde tudo vai, tudo vem, mas nada fica,
e rapidamente perde o sentido)


I
Eu grito em silencio 34 vezes
e 34 vozes sem barulho
me escutam sem dizer

Eu falo em ressonância
pra ninguém, e ninguém parece
ter algo a responder

Eu fujo por 34 vezes sem entender
ainda assim, existe alguém
pra 34 vezes me deter

Invento uma fuga a mais
mas nem assim, consigo
me esconder


II
Será que existe alguém aí pra esquecer?
existe um túnel com um trem
pra me levar?

Será que existe trem
onde só tem destruição?

Será que existe luz
onde só enxergam escuridão?


III
Existe alguma coisa
que me faz acreditar
e o dedo em riste
aponta a direção
na qual andar

Mas não sei
em quem mais
se pode acreditar

Ou se existe alguém
dono da verdade
que divida ela comigo
sem que queira me comprar


IV
Não sei mais o que vestir
o que fazer, o que comer

Não sei mais como viver
o que falar, aonde ir

Não sei mais a quem sorrir
com quem chorar
de onde eu vim

Não sei mais o que eu quero
o que eu quis, se eu sou

Esqueci o que eu tenho
se é que tenho
se é que dou

Não sei mais o que ganhei
e se ganhei, se mereci

Não sei mais o que mereço
o que sorri, ou minha dor

Não sei mais a cor
do meu sorriso
ou se ele algum dia
houve cor

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