22 de abril de 2009

ROMEU PERDIDO


- E se você estiver na minha imaginação?
- Não! Por que fazes isso comigo?
- Tantas respostas, mas nenhuma posso oferecer-te se não compreendo a objetividade da pergunta. Um erro muda tudo.
- Por que me provocas, se sabes que nada posso fazer?
- Eu não sei. Você pode. E não quer. Você me quer. E nega.
- Sim, você sabe. Não posso sonhar-te no meu encano se quando chega a realidade, é outra que te tem.
- Você quis.
- Eu precisei. Porque eu enlouqueceria se me entregasse e te perdesse.
- Você não quis.
- Você não insistiu. Desistiu.
- Eu precisei. Porque eu enlouqueceria se eu tentasse, e continuasse sem te ter.

(...)

- Por que você é tão duro consigo mesmo?
- A vida me mostrou que o melhor é ser assim.
- Não culpe os acontecimentos. Todos sofrem, cada um escolhe que sucos preparar com seus limões. Precisavas optar o pior?
- Não o acho.
- Egoísta.
- Maniqueísta.
- Maniqueísta?
- Egoísta? De tudo faço pra ninguém ferir
- No entanto, fere por medo de ferir. E o pior, é o pior pra mim.
- Sentimento vale mais do que pensas.

(...)

- Hoje não tens vinte perguntas?
- Te incomodam minhas perguntas?
- Não tanto quanto tuas reações
- Reajo assim tão mal?
- Não. Eis o problema, levas tudo com tanta frieza. Não é natural.
- E quem é?
- Fico me perguntando o que realmente pensas.
- Sempre digo o que estou pensando
- Você edita! – acusou ele.
- Não muito.
- O bastante pra me enlouquecer


(...)


- Nunca pensaste em me amar?
- Horror!
- E em me querer?
- Parece que brincas comigo.
- É tão absurdo assim?
- Não. É óbvio demais.
- Então chega a esse ponto teu negar?
- Chega a esse ponto meu querer.
- Então me beija.
- Horror!
- Me deseja ao menos!
- Eu faço!
- Prove.
- Não!
- Negue!
- Não!
- Não de não negar-me, ou não de já estar-me negando?
- Não de tudo, saia daqui.
- Por que não dizes?
- Por que não calas?
- Não se responde uma pergunta com outra.
- Não se responde outra coisa a uma dama.
- Não se foge.
- Não fujo!
- Mas se esconde.
- Só evito.
-Por que?
- Por querer.
- Como?!
- Quanto mais quero, mais evito. Não é assim contigo também?
- Não, não é.
- Então por que não dizes?
- Eu digo!
- Do teu desejo.
- E o que mais?
- Quero do teu amor.
- E meu amor precisa ser dito?
- E meu querer, preciso revelar?
- Complicada!
-Hipócrita.
-Hipócrita, eu?
- Sim! Nega muito mais e cala.
- Eu quis!
- Então por que não fez?
- Você não permitiu.
- Você não permitiu quando deu-se a outra mulher.
- Dei-me por não te ter.
- Deu-se por não me merecer.
- Como?
- Se de verdade me quisesse ter, tentaria, lutaria, insistiria até...até o ultimo suspiro.
- Para quê até o último suspiro, se a agulha da sua indiferente frieza furava os meus sonhos e abria meus olhos a um outro alguém?!
- Se me amasse, não veria outro alguém.
- Via como se fosse ninguém.
- No entanto, viu. É o que importa e basta.
- Só um beijo.
- Estais comprometido agora.
- Só um beijo.
- Cafajeste.
- Um e sumo.
- Não quero.
- Não pensas como será meu beijo?
- Não quero que sumas, tolo!
- Não queres? Então não entendo!
- Não entendes? Então não me queres!
- Como podes ter tantas conceituações inexatas?
- Não são.
- Por que não te entendo, não te quero?
- E não me mereces.
- Por que não te entendo não te quero, nem te mereço? De onde tiras essas sandices?
- Estais me ofendendo!
- Estou te constatando! Só podes ser louca! Que direito tens de dizer o que quero ou não; De questionar meus sentimentos?
- Que direitos tens de me avaliar e tentar-me como o demônio?!
- Agora me xingas de demônio, e o que mais? Vou-me embora.
- Vai! Covarde!
- Continue, vamos, continue a me maltratar, é o que melhor fazes.
- Me chamas de louca e esperas o quê?
- Te chamo de louca por que negas, e finges que nada sentes e nada sabes.
- E acaso sei de algo?
- Mas sentes!
- E como sabes?
- Suponho. Erro?
- Não sei.
- E agora, quem foge?! Diz!
- Não digo, porque foges tanto quanto eu. A diferença é que fugiste de covarde, eu fujo de sensata.
- Onde está a sensatez de negar quem se quer?
- Onde está a coragem de desistir de quem se deseja?
- Não desisti e já disse!
- Nem tudo o que dizes é verdade.
- Demônio, covarde, mentiroso...Qual vai ser o próximo?
- Atrevido.
- Sou?
- Muito.
- E se eu fosse mais?
- Experimente.

2 comentários:

  1. Eu escrevi um monólogo, chamado Pequeno Monólogo de Julieta, engraçado isso. Romeu perdido... tu ainda verás nos palcos de Tubarão, assim espero.
    Você fala de coisas de ter mil anos e esse amor que tiveste, se foi, ou foi-se, ou se é inventado. fala tanto de mim. que estranho então a gente ter enfrentado tudo isso, e continuarmos vivos, não é? Um aqui e outra lá, e mundos tão diferentes, tem amor na vida, eu acredito. Espero que aconteça de amares mais, pra ter ao menos destas letras gentis. beijo da ilha em tubarão.

    ResponderExcluir

Obrigada pela sua visita! Volte sempre para tomar um chá neste espaço de aluguel, e mais do que tudo: completamente seu.

Related Posts with Thumbnails
 

Voltar ao Topo