22 de abril de 2009

LETÁRGICO


Como se a música suave e docemente tranqüilizante não combinasse com as buzinas agitadas e irritadas - oriundas do caótico congestionamento daquele dia chuvoso – sorriu-se. Sorriu para dentro, para sua própria alma e estado de espírito. Estava ansiosamente inquieta. Tal que não podia segurar tanto dentro de seu próprio peito, como se nele - talvez um pouco mais abaixo - houvesse mariposas tão irrequietas quanto ela provocando uma buliçosa e adorável sensação nas paredes de seus intestinos. Absorta em seus rudes, e ainda assim, dóceis pensamentos sobre como seria dali há uma semana (um pouco mais, na verdade) não parava de se esforçar para controlar suas quase infantis expectativas. (...)
Sabia que algo muito ruidoso estava por vir, isso lhe causava uma sensação estranhamente estrepitosa de alegria eufórica. E tentava evitar tantos pensamentos retornando a sua leitura. Bobagem, a garota do livro também parecia querer persuadi-la sobre o fato de não ter como lutar nesses casos. Há apenas como se conformar, e isso ela já sabia como fazer: vinha fazendo-o há meses, desde que entendeu seus próprios sentimentos, que antes expurgava com tanta fúria e repudio (...)
Era branco, corpo pouco rijo. Sua mão nem mesmo era das mais bonitas e másculas. Aliás, seu jeito todo não era o de um homem feito. Era o de um menino. Alguém cujas necessidades de homem adulto não haviam ainda aprendido a lidas com as antigas, de garoto. E não sabia bem afirmar com certeza ser esse, também, o motivo de sua vil fascinação. (...)
Sentia a ferocidade brutal do buraco, uma peça rebelde, que escapou do jogo; e ela realmente acreditava ser ele essa peça, ou porque era, ou porque era assim que devia ser.

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