22 de abril de 2009

RUDE EM V


Deixa eu te falar desse meu amigo. Ele tinha esse mesmo rosto, esse, seu. Um pouco mais novo, nem tão bonito talvez, mas assim se tornava pelo seu encantamento, seu jeito, sua forma de sorrir; um sorriso doce, jovem, sincero. Aquele sorriso todo aberto ao qual impunha impossível resistência. Tinha a simplicidade de quem não espera nada da vida, mas sempre superava esperanças dando o seu melhor. Tinha outra coisa linda na sua forma de ser: queria, sempre, parecer forte pra confortar quem, mais que ele, precisasse de consolo. Ta certo...Quem sou pra dizer qualquer coisa de alguém não é?! Você deve estar se perguntando. É verdade, não sou nada, nenhum direito me pertence, mesmo que, na minha concepção, tenha havido profundo laço de amizade com a pessoa a qual viso, de certa forma, condenar. Mas, bom, somos fracos, fracos o bastante para nos decepcionar. Raramente temos a visão cética sobre o mundo, que oprime toda e qualquer forma de esperança, fazendo-nos esperar o pior de tudo. Desculpe-me, portanto, a fraqueza; mas, já que com ela comecei, com ela prossigo, só para lhe dizer, lhe questionar, se é esse o caminho. Fale-me agora, onde está meu amigo? O que com ele fizeste? Onde o jogaste? Na vala das almas puras? Ou ainda tenta, vez ou outra, fazer essa mesma alma vigorar nesse alguém frívolo que te tornaste? Porque, deixa eu te dizer, procurei por velhas amizades n'outros corpos, poucas encontrei. Então...Vê aqueles que chama amigo com os olhos daquele que conheci, lembra da tua candura? Seriam eles amigos seus se tu nada tivesse? Se nada soubesse? Estariam do teu lado se miserável e infeliz fosse? Pensa, e procura essas respostas com tua alma, aquela que, cruelmente, puseste de reserva. Descobre se a ti ou à ilusão pertence tal tão triste caminho, e, se por ele fores, te prepara pros pedregulhos que te farão tropeçar, para as pedras lisas em cujas irás escorregar. Prepara-te para trajetos ainda mais erráticos que te farão, aos poucos, ficar preso em emaranhados de um labirinto sem fim, fazendo-o sentir perdido. Trajetos que vão te enganando ao parecerem mais curtos ou fáceis, te levando ao cerne da perdição. Cuidado também com informações erradas, que farão acreditar em falsos amigos, cuidado com atitudes desesperadas, gestos desacertados. Cuidado, caso esse caminho trilhares, porque será um outro V, nem esse, nem de vingança. Será um V de vazio. Um vazio tão profundo, onde, sem querer vais te aninhar, até não ver mais nada além da escuridão. Foge, foge enquanto é tempo. Procura as cores de verdade, não as dos comerciais de televisão. Procura a cor dos períodos primaveris, dos jardins, dos amores e reais amizades. Pois lá te espera teu verdadeiro eu, aquele que abandonaste em momentos hostis, mas que, com força, retornaste a buscar, para findar com ele - sua única verdade, aquele em cujas versões você deve crer - um caminho que chamam vida.

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