22 de abril de 2009

PAUSA


Essa é a grande cruz que carregamos na vida: você nasce, e acha que ser 'grande' é o barato da humanidade, então você aprende a beber, a dançar, beijar...Ainda sente falta de alguma coisa. Está prestes a dar um destino à sua vida, e percebe que está com medo do tempo, pois ele está passando muito rápido, como sempre disseram que passaria. Ainda assim, você quer estar na faculdade, pois acredita que lá é bem melhor. Mas nunca é. Bem, é tão melhor quanto você achava que seria seus 11 anos quando se tinha 7, que seriam seus 14 aos 11. O fato é que sempre sentiremos saudades dos 4 quando nossa preocupação mais iminente era que sua irmã rasgasse ou estragasse seus brinquedos, ou que sua mãe fizesse um penteado horrível e lhe obrigasse a mostrá-lo a toda família. Sentiremos saudade de quando só precisávamos arrumar nossos quartos (a arrumação obviamente estava restrita á qualquer coisa bem menos que varrer e tirar pó dos móveis), de quando só precisávamos acordar ás 9 - ou nem isso- pra brincar no parque com alguns amigos. E sim, sentiremos falta dos amigos, pois eles continuarão a existir, mas jamais serão as mesmas pessoas. Saudade de quando fazíamos apresentações nos dias da mãe(fazendo-as chorar), e dos dias felizes em que não nos preocupávamos com que roupa vestir. Onde geralmente éramos verdadeiros, e mesmo depois de uma briga de areia voltávamos a conversar no dia seguinte. Sentiremos saudade até dos penteados das mães, dos uniformes largos e sintéticos, e das lancheiras rosas, verdes ou azuis que adorávamos usar. Sentiremos saudade das tardes que voltávamos do colégio no dia do estudante cheios de doces e chocolates, e nossos pais vinham em busca de nós, do boletim e de nossos inocentes e precários trabalhos escolares, ficando a conversar com as professoras que lhe diziam as verdades- geralmente boas- de nosso comportamento, enquanto brincávamos de pega-pega no pátio e voltávamos pra casa suados e com fome, onde um belo sanduíche e qualquer coisa pra beber nos era preparado com carinho. E, finalmente, sentimos medo, quando percebemos que todas essas coisas não voltarão (a não ser na vida de nossos prováveis filhos - ou não), quando percebemos que o tempo, a partir de agora, vai passar tão depressa quanto este, e que os anos passarão como passavam as horas no jardim de infância em que você não acreditava quando lhe diziam que era hora de ir embora. Sentimos medo, porque ninguém sabe nos responder como tudo vai ser e se estamos fazendo tudo certo, sentimos medo porque percebemos que logo nossas vidas vão depender apenas de nós mesmos, e que em breve, sua mãe não estará por perto para lhe dizer quem parece ser verdadeiro ou não, com quem você deve tomar cuidado, ou lhe ouvir quando você precisa lhe falar de uma velha amiga que parece distante. Você sente medo, porque não sabe como tudo termina, e não sabe se vai terminar como se quer. Será este um preço que pagamos por não valorizar as pequenas coisas? A maçã que minha mãe dava-me antes de ir pra "escolinha" era aceita, mas não era adorada como é hoje, porque agora é só saudade. Não sei do que vou me arrepender de não ter percebido o valor hoje, mas espero ser algo bem menor que uma maçã simplesmente aceita.

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