22 de abril de 2009

VOLTA PARTIDA


I
Respirava das suas costelas
em lembrança,
em sonhos.
E em sonhos sonhava
(furtivamente)
por bobagens românticas.
E em vida
vivia disfarçadamente meu sonho,
E em morte morrerei,
morrerei com meu sonho.
(como eu sonho)


II
Vestida de sua nudez
eu perdia,
(me perdia) em infinitos rasgos
e feita de luz eu fazia,
fazia do furo um estrago
da espinha o esfolado.
E eu pedia,
pedia.
pedia pro nada,
pedia vazia,
pedia a fuga,
fingir nostalgia,
fugir do vazio.
E eu gritava,
gritava calada,
e ninguém mais queria,
ninguém mais sabia
porque eu calava.


III
Eu já sabia,
era o fim,
acabava,
e eu desistia,
desistia da vírgula
desistia de nada.
Da verdade fugia,
o vazio eu negava;
da fúria eu partia,
e partia pro nada.
E o nada voltava,
e o nada queria,
eu nada queria,
queria o nada.
Vinha do nada;
ao nada chegava,
amava a partida,
(dividir de soslaio
aquela alma vadia)
E eu invadia,
invadia a favela,
e aplaudia a donzela
que pro macho sorria
e pena,
pena sentia
da pobre gazela,
que pro homem doava
seu mais puro amor.


IV
A roupa marcada
a testa amassada
a alma suada
a vida maçante
a bola da vez
o chute da hora
o jogo partido
a derrota na cara;
dor já não tinha
raiva não tinha
não tinha amor
o amor da donzela não tinha
o amor que a gazela não tinha.
Matou,
matou de pudor
por favor,
matou;
matou por culpa o amor
(por culpa do amor).


V
De propósito
matou mal matado,
pra saber se verdadeiro era
- e tão grande voltou.
E chorou,
e não podia matá-lo.
e não pedia favor:
Implorava cansada
que cessasse o amor;
e a estaca atingia o peito de dor.
Não era do macho,
não era o peito do homem
que não amou.
Era seu próprio peito
que descobriu ser aquele,
donzela.
E morreu,
morreu por amor.

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