22 de abril de 2009

O SILÊNCIO DA COVARDIA


Senta aí que eu tenho umas coisinhas pra te falar. Até pensei em mandar um e-mail, mas tive essa idéia de te querer deixar mais vulnerável. A verdade é que errei contigo, sabe? Errei desde o começo. Primeiro que, com você - pra você - fui muito fácil, eu não sou assim; dificulto sempre que posso. E eu posso com freqüência. Até cheguei acreditar que a culpa fosse sua, olha só! O fato é que eu nem nunca te achei bonito, nem um pouco senti alguma mera atraçãozinha e, no entanto, você veio, me abraçou, e eu quase dei um tiro no pé quando vi que já estava aceitando o teu beijo. O que tinha acontecido comigo? Tudo bem, calma, foi apenas um lapso - consolei-me depressa. Passou, continuei levando os dias normalmente. Foi quando te vi. Peguei-me constrangida, nervosa, envergonhada. Mal prestei atenção a que fui. Por que aquilo estava acontecendo? Olha, já vou te avisando, eu não era assim não! E por que você tinha que ter ido falar comigo piscando daquela maneira, e pior: por que depois fingiu que eu nem estava ali? Pronto, dias me torturando. Alguém me dizendo: ele é estranho mesmo. Adicionar nesse negocinho de conversa instantânea? Não! Isso seria o pior dos ferimentos ao meu orgulho e dignidade. Pronto, de novo lá estava você me fazendo agir sem perceber, e quando vi, lá estava o seu nome irritante e pretensioso na minha lista de contatos. Maldito! Como pôde?! Mas e agora? O que eu diria? Pronto, já disse. Três, quatro conversas. Sempre eu. Sexta a pergunta. Você perguntou, eu convidei. Sem sim, sem não. Não, mas não pode ter sido um não. Ou pode? E quando eu vi, sem querer acreditar, estávamos já naquele enredo todo. Por que você tinha que ir? Pena? Não tinha mais nada pra fazer, né. Tudo bem. E nem no sábado? Ora essa! Não devia ter ido. Se não fosse, bom, eu não estaria assim. Como assim "assim"? Olha, conheci alguns caras antes desse seu irresistível topete de cínico, alguns românticos, outros bonitões - e pra caramba, alguns mentirosos, alguns fracos, outros bons. Por alguns senti desejo, paixão. Por outros ternura, afeto. Mas por nenhum senti essa...Essa...Coisa. E quando você me toca, de leve, no braço, eu fico nervosa e tensa e assustada. Nenhum tem os dedos tão quentes nos meus. Aí a gente já fica achando que vai ser sempre assim. Domingo, finalmente, o fim do sonho, um vazio me enchendo de forma que a mágoa queria se transformar em gotas, que chamam lágrima, pra tentar extravasar aquilo tudo de alguma maneira me tomou. Era óbvio, eu não era nada. E aquela sinuca? Por que tinha de ser aquela sinuca? Minhas pernas avisando que talvez não suportariam o resto do meu corpo. E por que eu não podia me mover? E meu estômago? Por que revirava daquele jeito? Eu tava suando? Não podia ser. Eu nem estava com calor! E por que não consegui te olhar? E falar com você, depois. Como? E aquele teu riso? Meio envergonhado, ou foi minha impressão? Eu não deveria ter ido? Ou será que deveria ter ficado? O que falei de errado? Do que afinal você tem medo se eu sei que você vai me bastar? Eu entendo, você quer preservar tua liberdade, e eu quero a minha também. Então, qual o problema? Sem compromisso. Por mim estaria simplesmente ótimo se eu soubesse que a cada vez que nos víssemos não fosse a última. E pouco me importava quando fosse a próxima. Importava-me a certeza de que ela viesse. Só que não vai acontecer se você não quiser. Se quando estamos juntos você nem mesmo chega a pensar em querer ficar um pouco mais, se pra você sou indiferente. Se não provoco em você nenhuma sensação indesejada. Então me olha bem no fundo dos olhos, e diz que não está louco pra me beijar nesse exato momento e eu vou embora. E você nunca mais vai ouvir falar de mim. Mas eu preciso que você diga, preciso saber de você pra querer saber de mim e do que faço com essa mania insana de você (por que agora é assim comigo). Então vai: me diz, olhando nos meus olhos. E é melhor dizer qualquer coisa, por que se silenciar, eu te beijo, aqui mesmo. Se não me olhar, te beijo. Se me negar, te beijo do mesmo jeito. Porque eu nunca disse que eu não ia sentir você uma última vez antes de desaparecer.

3 comentários:

  1. Luanac, o teu amor é tão intenso que chego a considerar verdadeiro, mais que o poema, és de verdade, então?
    venho aqui, releio. é uma história inteira. gosto do volta partida.
    gosto de tanta coisa tua.
    parabéns mais uma vez. vou ir deixando comentários em todos os versos. o melhor de tudo é que vc existe e isso implica em tanta coisa que não é só verso. espero um dia te conhecer pessoalmente :) continua postando, please

    ResponderExcluir
  2. Luanac, o teu amor é tão intenso que chego a considerar verdadeiro, mais que o poema, és de verdade, então?
    venho aqui, releio. é uma história inteira. gosto do volta partida.
    gosto de tanta coisa tua.
    parabéns mais uma vez. vou ir deixando comentários em todos os versos. o melhor de tudo é que vc existe e isso implica em tanta coisa que não é só verso. espero um dia te conhecer pessoalmente :) continua postando, please

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