22 de agosto de 2010

ARRANHA

– Você disse que pensou em mim?
– Disse.
– Por que?
– Então você ainda me ama?
– Era isso que eu queria te falar. Acho que nunca foi amor.
– E diz isso assim?
– Existe outra forma de dizer?
– Veio aqui, então, só pra me ferir.
– Não, vim pra te libertar. Nunca foi amor, também não foi paixão. E só me ressentia de haver outra pessoa, quando essa outra pessoa não te faria bem.
– Porque pensou em mim?
– Porque seus discos de vinil ainda confundem minha estante. Lembra? Daqueles discos velhos? E aí fico pensando o que te aconteceu; porque o maior erro entre eu e você, foi a sua distância, me levando pra perto de você.
– Mas por que não antes? Por que escolheu agora pra falar?
– Porque eu temia você interpretar errado minha necessidade de saber de você.
–E agora? Não teme?
– Agora não me importo.
– E o próximo passo? Dizer adeus?
– Adeus é quase tão forte quanto todas as palavras que já te disse até hoje. O próximo passo, é dizer: até logo.
– Mas isso é muito clichê vindo de você.
– Nessas circunstâncias, qualquer coisa seria clichê, inclusive o sugerido adeus. E então, o importante não são as palavras, mas o que elas querem dizer.
– Exatamente, e um até logo não seria impróprio? Acredito que não nos veremos semana que vem.
– Mas quem sabe na próxima vida?

Silêncio.

- Até logo
- Até.

(porque seus discos de vinil inda confundem minha estante)

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