22 de dezembro de 2013

PASSADO

Eu poderia, realmente, te perguntar o que exatamente eu fiz de errado. Se foi o jeito que corri, se foi como eu fui subitamente pro mar enquanto você preferia ter ficado na areia, se foi o meu chinelo, ou meu alto nível de disponibilidade. Se foi meu cabelo molhado, ou como ele ficou depois; ou se foi minha falta de maquiagem. Ou se foi eu não gostar de foto. Mas estou certa de que você jamais me diria, porque seu excesso totalmente desnecessário de cordialidade, mesmo que cruel, não te permitiria. Então, só posso te dizer que eu gostaria de não ter ido. De não ter colocado aquele vestido, de não ter passado aquele perfume, de não ter tomado banho só para te ver. De não ter ficado ansiosa, nem preocupada em te fazer esperar. De ter te visto. De ter pensado em passar aquele óleo porque eu sei que você gosta. Mas também não sou burra. Como posso ignorar a sua mordida, a sua voz rouca e mansa me dizendo que não quer ir embora ainda? Seu suspiro fundo que sempre disse tudo que não consigo ouvir. Como posso simplesmente anular o jeito como você diz meu nome no diminuitivo e afirma não saber, mesmo sem dizer o que exatamente você não sabe? Como ignorar o fato de que você, tão auto controlado, deixou alguns compromissos de lado e quase parou o trânsito porque ficou prestando atenção em mim e não no sinal que ia ficando verde? Como ignorar o fato de que eu não sei para onde estou indo, embora eu tenha uma leve sensação de que é a duzentos e vinte por hora direto para um caminhão carregado de incertezas, e mesmo assim continuo?

2 comentários:

  1. esse pequeno texto me fez pensar sobre minha situação atual, engraçado isso rs. De uma leveza e doçura incrível, parabéns!

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  2. Menina! Esse seu comentário me trouxe muita alegria. E também estímulos. Bem, desconheço os detalhes da sua situação...mas posso dizer que, no meu caso, valeu muito a pena ter me jogado com meus instintos bonde afora, mesmo que minha razão alertasse pular na parada mais próxima, rs

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