13 de julho de 2009

CAUSO


Trazia às redeas curtas
seus amores
e sorria curto aos senhores
Vendia couro e solidão
Vinha do adeus e dos açores
No coração trazia matizes
apenas de cinza
E impedia essa dor
de ver no céu e na'reia
as cores
Vinha de longe
e da guerra
Mas não sabia pra onde
Vendia doce
salame
e chinelo
mas não sentia sabores
Andava sem rumo e sem cor
Foi quando sorriu-lhe
a menina trazida
aos braços seus
tão sua
tão só como via
largou o couro e os chinelos
limpou o suor e as dores
e correu pra criança
que com ele e sem medo sorria
Tao como ele
tão sozinha
Tão diferente
tão bela e com vida.
Tão como ele sem saber
p'ronde ia
Tão diferente
sem saber d'onde vinha.
Tão iguais,
por saber que
ao outro se tinha.
Sorria
dizendo que agora via
o azul do mar
o milagre da vida
Corria gritando
que não sabia como
morria tanto tempo
achando vazia a vida
Chorava questionando
como pudera
soluçar e perder tanto
Morria tendo certeza
que agora em paz podia.
E pediu a menina
que lhe vivesse a vida
Que não chorasse as mágoas
Pois sua mágoa evaporaria
Subiria aos céus
e a ele chegaria
E não queria a tristeza
de quem para sempre amaria.

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